A chegada de Diogo Cão ao Reino do Kongo iniciou um novo momento na História de ambos os povos. Para os portugueses, o Reino do Kongo, e Angola em geral, viraria o principal fornecer de mão-de-obra escravizada para o Brasil. Para a elite kongo, em um primeiro momento, a presença portuguesa tornou possível ampliar o seu domínio interno com o usufruto de bens de prestígio, e principalmente com o auxílio militar lusitano no combate a revoltas internas. Em um segundo momento, ela própria se tornou alvo dos portugueses sendo diretamente escravizados, como reclama o Rei Mvemba-a-Nzinga para o Rei de Portugal em carta:
“(...) que muitos vassalos que tínhamos a nossa obediência, se levantam dela por terem as coisas em mais abastança que nós, com as quais os antes tínhamos contentes, e sujeitos e sob nossa vassalagem e jurisdição, que é um grande dano, assim para o serviço de Deus como para segurança de nossos Reinos e estado(...) que os ditos mercadores levam cada dia nossos naturais, filhos da terra e filhos de nossos fidalgos e vassalos, e nossos parentes, por que os ladrões e homens má consciência, os furtam com desejo de ter assim as coisas e mercadorias desse Reino que são desejosos, os furtam os trazem a vender. Em tanta maneira Senhor, é esta corrupção e devassidade, que nossa terra se despovoa (...).